sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Re-cosmogonia - Animor

- Não estou vivo. - eu implorava ao universo, tomado pelas brumas caóticas de uma trevosa nebulosa, que envolvia-me bela e dolorosamente. De fato, estava acostumado com minha morte. Com minha melancolia, e com minhas dores, e mais ainda, com não compartilhá-las com as outras estrelas. Elas brilhavam em outra coloração.
Então vi. A pequena luz azulada tentava escapar dos asteróides que violentos como um furacão, rodeavam-me, enquanto aproximava-se de mim. Senti que aquela luz emanava um doce aroma, e uma sensação que não sentia há muito. Assustado (e curioso), perguntei-lhe:
- Qual é seu nome, luz?
E respondeu-me o nome que apenas eu e ele sabíamos. E depois de ter pronunciado, percebi que minha nebulosa não estava mais negra, trevosa, e meu coração já não era mais um buraco negro. Brilhava com todas as cores que os homens conheciam. As estrelas, tomadas de inveja, explodiram, colorindo mais ainda o véu ígneo que me envolvia. Gritei teu nome, e brilhaste também. Nuvens feitas de luz, explodindo, saíram da pequena luz que era, e se tornaram parte de mim. Logo, transformaste em uma nebulosa também. Então, amei-te. E desse ato, a vida em mim surgiu. E ela pulsava, brilhava, contagiava, gargalhava, dançava.
Temeroso e traumatizado, perguntei-lhe:
- E se a bruma voltar?
E respondeu-me:
- Animor.

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