sexta-feira, 31 de agosto de 2012

La Femme De La Mer

Apodreça, entorte, despedace-se, sangre, e ajoelhe-se diante de mim clamando por minha ajuda, por um gole d'água.
Estarei no mesmo lugar de sempre, em meu trono aveludado obscuro, cercado pelas profundezas do oceano que correram de meus olhos, por sua causa.
Realmente, amei-te. E amei desesperadamente, cegamente, como o céu que se rasga com o brado de Zeus, como a estrela distante de Gaia que, em todo seu fulgor, extermina-se, e esvai, inexiste. Não sabes, amado meu, o quanto minh'alma despedaçou-se pelos seus sorrisos, por suas inquietas mãos e por suas cortantes palavras que insistiam em tocar-me.
E aquele que antes acariciava-lhe como as gotas sutis e revigorantes que despencavam gentilmente dos céus, virá para ti como as furiosas e imponentes ondas do mar, como as voláteis sereias, que atrás de sua beleza inexplicável, escondem suas mais profundas feridas - profundas como o oceano.
Oh, por que, jovem rapaz, por infortúnio do destino, cruzaste minha vida? Eu não queria! Tu também não, e por isso machucou-me tanto - porque não sabia, e ignorava-me.
Grite, meu amor, grite enquanto eu choro por ti, enquanto eu canto para os sete mares que amei-te, que amo-te, e que derramo-me e arrebento-me inteiramente por ti. Afinal, não foras tu o culpado do oceano que carrego em minhas costas, olhos e coração? Pelas pedras que me arremessam?
Não há necessidade de preocupar-se com essa corda apertada em seu pescoço, amado, que te impede a respiração e te priva de olhar de longe o reino dos silfos. Não, amor... isto é apenas meu coração. Bem vindo.

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