sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Dubstep

Como sempre, era noite. Na próxima semana iriam começar os apelos comerciais porque seria véspera de Natal. A cidade estava bastante iluminada, pelos carros, postes, prédios, festas. Estávamos sentados em cima do prédio, com as pernas balançando no limite do topo do prédio, suicidas. Começou a chover. E a água que o céu derramava não era fria. Estava morna.
Ele, com seus olhos turquesa reluzentes que contrastavam com o negro brumoso de seus cabelos, fitou-me profundamente. Sorriu, sugestivo. E como me conhecia, sabia da minha reação - eu o olharia, arqueando a sobrancelha. De fato, foi o que fiz.
- Existe o paraíso? - perguntou-me, deliberadamente. Não estranhei sua pergunta, vivíamos trocando idéias aleatórias a todo momento.
- Existe - eu respondi. E fui argumentado com um ingênuo "e aonde está?".
Toquei em sua testa e em seu coração, e sorri. Ele sorriu também.
- Então existem muitos paraísos, não é? - disse ele, infantil, mesmo com sua aparência diabolicamente agressiva e angelicalmente sexual.
- Existem. Muitos.
As gotas pararam antes de cair no chão. O mundo havia congelado. Luzes azuis dançavam entre nós, eram quase tão líquidas quanto a água que agora estava parada no tempo - como toda a cidade, exceto por nós. Os prédios caíam, mas milagrosamente não nos afetavam. Eu via os carros andando em direção à lua, e as ondas violentas do mar rondando a cidade, num tornado. Tudo era levado. Tudo sumiu. Ficamos só eu e ele.

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