terça-feira, 7 de agosto de 2012

Ondina

Estava eu, sob a luz imensa e não-verbalizável do luar naquela noite azulada. Iria chover, eu sabia. Mas não me importava, era isto que eu desejava, mesmo inconscientemente.
Olhei para as estrelas. Tentei contá-las. Num breve riso, eu desisti, e sorri para o céu encrustado de diamantes cósmicos.
O trovão ressoou e anunciou a chuva que viria não sei de onde, afinal não haviam nuvens no céu. Sentei-me no cais, retardado pela beleza imensurável daquela noite, e coloquei meus pés no lago escuro. Ouvi as gotas caindo do céu... começou a chover. Chovia muito. Os céus choravam por mim. Minhas lágrimas eram as lágrimas da Mãe. Lembrando-me dela, olhei novamente para a lua. Soberba e cercada de estrelas, sua luz majestosa hipnotizou-me novamente, e eu sorri, mesmo afundando-me em lágrimas.
De dentro da água, aonde batia o reflexo do luar, ela saiu. Era tão bela quanto aquela noite. E, não, não queria fazer-me mal. Convidou-me, pois sabia que eu iria por livre e espontânea vontade. Estendi a minha mão para ela, e ela tomou-me para si.

Debaixo d'água, abraçado à ela naquela imensidão sombria, porém familiar, eu ainda podia ouvir as gotas de chuva que borbulhavam na superfície que agora, estava longe de mim. Ainda podia ouvir os trovões, podia ver a lua e as estrelas... ainda ouvia a música. Mas não havia necessidade de respirar.

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