quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Salamandra

Eu sabia que isso ia contra os ensinamentos que ele recebera. Era gritante, afinal, estávamos dentro da igreja aonde crescera. Senti o canto direito da minha boca elevar-se, formando um sorriso provocante. Olhando profundamente em meus olhos e derramando algumas lágrimas, ele engoliu sua saliva morna. Morna como o hálito que agora se encontrava cada vez mais perto de minha boca.
Estávamos tão excitados que poderíamos ter um orgasmo apenas pelos olhares. Então mordi-lhe o lábio inferior. Tirei-lhe o manto e acariciei-lhe o corpo.
Seus gemidos melancólicos levavam-me à insanidade. Estava extasiado de tanto prazer. Gargalhei. E ele também, apesar de lamentando tamanha heresia.
Lambi seu corpo como se aprecia um fruto da terra. Cheguei ao ápice - seu falo. Ele urrou de prazer.
E mesmo que ele não quisesse, as estátuas e as velas pareciam tornar nosso proibido ato de amor um ritual, daqueles estereotipados e temidos pelos cristãos. O clima macabro nos apenas nos excitava.
O néctar, então, num rugido, foi expelido de seu falo. Escorreu de sua barriga para o Santo Altar. Ele, novamente, derramou lágrimas. Pediu perdão para seu deus e seus santos. Não compreendi por que ele havia perdão por amar-me.
O Sol iria nascer, e os outros cristãos logo chegariam. Deitado sobre meu corpo, ele chorava. Insistia que seríamos condenados á fogueira.

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